Entre bandeiras e joelhos dobrados

a criação do Conselho Municipal LGBTI+ e o conservadorismo londrinense

Autores

DOI:

https://doi.org/10.32813/2179-1120.2025.v18.n1.a1111

Palavras-chave:

Ativismo LGBTI , Conservadorismo, Londrina, Conselho Municipal, Resistência

Resumo

Este artigo analisa as dinâmicas do ativismo LGBTI+ em Londrina (PR), uma cidade marcada por forte hegemonia conservadora, a partir do estudo de caso da tentativa de criação do Conselho Municipal dos Direitos das Pessoas LGBTI+. Com base em uma abordagem qualitativa, foram utilizados análise documental e estudo de caso, com foco em documentos públicos, materiais de movimentos sociais e reportagens. A pesquisa busca compreender as estratégias de resistência e articulação desenvolvidas pelos/as ativistas diante da rejeição do projeto de lei pela Câmara Municipal. Os resultados evidenciam que, mesmo com a derrota institucional, a mobilização ativista resultou em fortalecimento das redes locais, ocupação dos espaços digitais e construção de alianças intermovimentistas. A partir disso, conclui-se que o ativismo LGBTI+ em contextos conservadores opera não apenas por vias institucionais, mas também por meio de disputas simbólicas e territoriais, revelando formas criativas e resilientes de resistência política.

Métricas

Carregando Métricas ...

Biografia do Autor

Raquel Kritsch, Universidade Estadual de Londrina - UEL

Tem graduação em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (1991), doutorado-direto em Ciência Política pela Universidade de São Paulo (2000), pós-doutorado pela Universidade de Lisboa e London School of Economics and Political Science (2007-2008) e pela Freie Universität Berlin (2012-2014). É Prof Associada na Universidade Estadual de Londrina (atuando na graduação e pós-graduação) e coordenadora dos grupos de pesquisa GETePol (Grupo Estudos em Teoria Política), de âmbito nacional, e 'teoriapolitica.edu', em âmbito local. É bolsista PQ do CNPq desde 2009 (com interrupção entre 2021-2023). Coordenou AT Teoria Política junto à ABCP entre 2015 e 2020; e o 'GT Silenciamentos, dominação e sofrimento social: contribuições das teorias políticas contemporâneas a debates emergentes nas ciências sociais' da ANPOCS (biênio 2020-2021). É Editora-Chefe da Revista Mediações desde 2018. Tem experiência na área de Ciência Política, com ênfase em Teoria Política, atuando principalmente nos seguintes temas: teoria política medieval, moderna e contemporânea; história do pensamento político; direitos humanos, Estado e soberania; teoria política feminista e debates de gênero; política digital, tecnologias digitais e democracia; mundo pós-humano.

Guilherme Rodrigues Passamani, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS

Professor Associado I da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Integra o corpo docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social (UFMS), do Programa de Pós-Graduação em Estudos Culturais (UFMS) e do Programa de Pós-Graduação em Antropologia (UFGD). Ministra aulas em diferentes cursos de graduação. Graduado em Ciências Sociais e História nas habilitações de licenciatura e bacharelado pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mestre em Integração Latino-Americana, com área de concentração em História Latino-Americana, pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Doutor em Ciências Sociais na área de Estudos de Gênero pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Pesquisador visitante na Universidade de Coimbra (Portugal) entre 2007/2008 e pesquisador visitante na Universidade do Colorado - Boulder (Estados Unidos) entre 2014/2015. Pesquisador associado ao Núcleo de Estudos Néstor Perlongher (NENP/UFMS/CNPq). Investigador no CRIA (Centro em Rede de Investigação em Antropologia), no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa. Tem experiência na área de Antropologia. Principais temas de pesquisa: antropologia urbana (cidade e festas populares); gênero e sexualidade (trabalho sexual de homens, trabalho sexual em contextos transnacionais, migrações e mobilidades).

Referências

Biroli, F., Vaggione, J. M., & Machado, M. das D. C. (2020). Gênero, neoconservadorismo e democracia: Disputas e retrocessos na América Latina. Boitempo Editorial.

Bowen, G. A. (2009). Document Analysis as a Qualitative Research Method. Qualitative Research Journal, 9(2), 27–40. https://doi.org/10.3316/QRJ0902027

Butler, J. (2023). Corpos que importam: Os limites discursivos do “sexo” (2a edição). N-1 Edições.

Candau, V. M. (2008). Direitos humanos, educação e interculturalidade: As tensões entre igualdade e diferença. Revista Brasileira de Educação, 13, 45–56. https://doi.org/10.1590/S1413-24782008000100005

Carvalho, M. do C. A., & Teixeira, A. C. C. (2000). Conselhos gestores de políticas públicas. http://bibliotecadigital.abong.org.br/jspui/handle/11465/1503

Castells, M. (2013). Redes de indignação e esperança: Movimentos sociais na era da internet (2a edição). Zahar.

Goffman, E. (1981). Estigma: Notas Sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada (4a edição). LTC.

Gross, L. (2001). Up From Invisibility: Lesbians, Gay Men, and the Media in America.

Martins, M. F., Martins, S., Oliveira, A. R. de, & Soares, J. B. (2008). Conselhos Municipais de Políticas Públicas: Uma análise exploratória. Revista do Serviço Público, 59(2), Artigo 2. https://doi.org/10.21874/rsp.v59i2.144

Meyer, I. H. (2003). Prejudice, Social Stress, and Mental Health in Lesbian, Gay, and Bisexual Populations: Conceptual Issues and Research Evidence. Psychological bulletin, 129(5), 674–697. https://doi.org/10.1037/0033-2909.129.5.674

PARANÁ, S. de E. da J., Cidadania e Direitos Humanos. (2013). Plano Estadual de Políticas Públicas de Promoção e Defesa dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais do Paraná. Governo do Estado do Paraná. http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/plano_estadual_direitos_lgbt.pdf

Ramírez-Gálvez, M., Facioli, L., & Ribeiro, L. (2024). “Meu filho, minhas regras”: Pânicos morais, direitos sexuais e o projeto neoliberal de educação na cidade de Londrina (PR). Em H. B. de Almeida & C. E. Henning (Orgs.), Desafios e resistências em gênero e sexualidade no Brasil contemporâneo (p. 98–136). Cegraf UFG.

Ramos, M. de F., Cezare, J. P., Vendramini, P. R. J., Coutinho, S. M. V., Reis, T. S., & Fernandes, V. (2012). Conselhos setoriais: Perfil dos conselheiros e sua influência na tomada de decisão. Saúde e Sociedade, 21, 61–70. https://doi.org/10.1590/S0104-12902012000700006

Sales, M. A. (2024). Vivências LGBTI+ no interior do Paraná: Entre o fervo e a luta em Londrina [Dissertação (Mestrado em Sociologia)]. Universidade Estadual de Londrina.

Santos, L. dos, Santos, L. D., Silva, R. R. do N., Santos, J. da S., & Soares, K. C. (2013). A importância da participação popular no Conselho Municipal de Educação do município de Estância/SE. VI Jornada Internacional de Políticas Públicas, São Luís. https://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinpp2013/JornadaEixo2013/anais-eixo8-direitosepoliticaspublicas/aimportanciadaparticipacaopopularnoconselhomunicipal.pdf

Scott, J. C. (1992). Domination and the Arts of Resistance: Hidden Transcripts (Reprint edition). Yale University Press.

Tilly, C., & Tarrow, S. (2007). Contentious politics (1o ed). Paradigm Publishers.

Trevisan, J. S. (2018). Devassos no Paraíso: A homossexualidade no Brasil, da colônia à atualidade (1o ed). Objetiva.

Vicenzi, P. D. (2021). Sujeitos, cores e entraves: Uma etnografia virtual e pandêmica do Conselho Municipal de Direitos da Cidadania LGBT de Pelotas. [Dissertação (Mestrado em Política Social e Direitos Humanos]. Universidade Católica de Pelotas.

Yin, R. K. (2014). Estudo de Caso: Planejamento e Métodos (5a edição). Bookman.

Downloads

Publicado

2025-09-09

Como Citar

Sales, M. A., Kritsch, R., & Passamani, G. R. (2025). Entre bandeiras e joelhos dobrados: a criação do Conselho Municipal LGBTI+ e o conservadorismo londrinense. Revista Ciências Humanas, 18(1). https://doi.org/10.32813/2179-1120.2025.v18.n1.a1111

Edição

v. 18 n. 1 (2025): Fluxo Contínuo 2025

Seção

Artigo Original

Licença

Copyright (c) 2025 Revista Ciências Humanas

Creative Commons License
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.

As publicações da Revista Ciências Humanas estão registradas sob a licença Creative Commons Attribution CC-BY.

1. Os conteúdos dos trabalhos são de exclusiva responsabilidade de seu autor.

2. É permitida a reprodução total ou parcial dos trabalhos publicados na Revista, desde que citada a fonte.

3. Ao submeterem seus trabalhos à Revista os autores certificam que os mesmos são de autoria própria e inéditos (não publicados em qualquer meio digital ou impresso).

4. Os direitos autorais dos artigos publicados na Revista são do autor, com direitos de primeira publicação reservados para este periódico.

5. Para fins de divulgação, a Revista poderá replicar os trabalhos publicados nesta revista em outros meios de comunicação como, por exemplo, redes sociais (Facebook, Academia.Edu, etc).

6. A Revista é de acesso público, portanto, os autores que submetem trabalhos concordam que os mesmos são de uso gratuito.

7. Constatando qualquer ilegalidade, fraude, ou outra atitude que coloque em dúvida a lisura da publicação, em especial a prática de plágio, o trabalho estará automaticamente rejeitado.

8. Caso o trabalho já tenha sido publicado, será imediatamente retirado da base da revista, sendo proibida sua posterior citação vinculada a ela e, no número seguinte em que ocorreu a publicação, será comunicado o cancelamento da referida publicação. Em caso de deflagração do procedimento para a retratação do trabalho, os autores serão previamente informados, sendo-lhe garantido o direito à ampla defesa.

9. Os dados pessoais fornecidos pelos autores serão utilizados exclusivamente para os serviços prestados por essa publicação, não sendo disponibilizados para outras finalidades ou a terceiros.